Afonso Peres - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Afonso Peres
Afonso Peres
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    Às vezes tenho dificuldade em perceber o que dizem políticos e jornalistas na rádio e televisão portuguesas, porque empregam normas de pronúncia diferentes daquelas que aprendi no berço e na escola e também porque reflectem mudanças de sentido de palavras que, para mim, têm outros significados.

   Posso apresentar exemplos...

É difícil entender em jornalistas da televisão portuguesa, que se dirigem a centenas de milhares de indivíduos, o emprego de expressões como "pay TV" e "pay per view", sem que, pelo menos, expliquem o seu significado. Creio que a primeira expressão representa o pagamento para ver um ou mais canais e a segunda o pagamento para ver um ou mais programas ou jogos.
    Há dias, foi no principal serviço de notícias da TVI. Mas o fenómeno verifica-se em todos os canais e, mesmo, na im...

Num espaço como este, frequentado por indivíduos de instrução diversa, não me parece muito didáctica a forma como Ciberdúvidas "resolveu" o problema de concordância intitulado "25 por cento dos alunos ficaram/ficou em casa". Um ilustre professor, Fernando V. Peixoto da Fonseca, diz que é singular. Outro professor, não menos ilustre, José Neves Henriques, admite que é singular. Mas poder-se-ia ter dito algo mais esclarecedor.

Com sensibilidade, Inácio Bicalho e João P. Jorge leram-nos a sina das línguas, este mais do que aquele, num discurso ontológico. Faz sentido no actual período da História, para nos recordar a evidência esquecida de que o inglês, língua do império dominante, também há-de morrer. Diria que esta tese é oposta ao assomo do mosquito de Nietzsche. Ele, ser para nós insignificante, "imita" o anglo-saxónico, que se imagina o centro do mundo. Mas isso, afinal, quer no anglo-saxónico, quer no mosquito...