José Carlos Abrantes - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Carlos Abrantes
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José Carlos Abrantes, investigador universitário português para a área dos "media", provedor dos leitores do Diário de Notícias, autor do livro 1001 razões para gostar de Portugal.

 
Textos publicados pelo autor

Da Internet aos livros e regresso aos anglicismos

Uma leitora escreveu ao provedor: «Desculpe se me dirijo impropriamente a V. Ex.ª, mas não sei a quem me dirigir, no DN. Como outros leitores refere que o único endereço de correio electrónico disponível na página do DN seria o do provedor. O director adjunto João Morgado Fernandes na sequência deste e de outros correios do mesmo teor, esclareceu que os leitores podem sempre ter resposta contactando directamente a redacção [...]».

«Palavra dada, escritura assinada», «a resposta branda, a ira quebranta» são dois exemplos de ditados populares que revelam a força dos palavras. A sabedoria popular consagra também que «palavras leva-as o vento». Como as palavras são muitas, há-as para todos os gostos as que se perdem e as que têm, ou são ditas como se tivessem, efeitos na acção. Estes podem ser visíveis na acção de outrem, mas também podem delimitar quadros de pensamento. Um ministro francês, Nicolas Sarkozy, falou em escumalh...


Agustina Bessa-Luís referiu recentemente que, na sua escrita, os erros acontecem e que os mesmos se repetem, algumas vezes. Revelou também que o seu primeiro e atento revisor é o marido. «É como se fosse um regresso à infância», disse-me depois ao telefone. «Como se tivesse o mestre-escola ao meu lado.» E recordou as pautas dos grandes músicos, muito riscadas, ou os manuscritos dos escritores. Errar é humano.

Mas estes erros não aparecem (não deveriam apare...

1001 Razões para Gostar de Portugal
Por José Carlos Abrantes

1001 Razões para Gostar de Portugal, do investigador universitário para a área dos media e da Internet José Carlos Abrantes, começa por ser «um elogio aos portugueses que labutam, acreditam, criam.» Com dedicatória explícita: «Aos que pensam que o país, velho de História, se pode renovar pela seriedade, pelo empenho, pelo profissionalismo, mas também pelo humor, pela alegria de viver. E de fruir e partilhar as grandes, como as pequenas, coisas.» Entre essas 1001 razões de se gostar de Portugal – de criadores a artistas, projectos e empresas, públicas e privadas, a nossa gastronomia, o clima e os modos de viver portugueses –, ficam só algumas das escolhas de José Carlos Abrantes: «O amor é fogo que arde sem se ver, escreveu Camões. Será que se pode dizer melhor? Os grelos, salteados ou não. As colchas de Castelo Branco. O Chapitô nascido da força de Teresa Ricou. A Culturgest criada por um banco, a Caixa Geral de Depósitos, no tempo de Rui Vilar (Lisboa). A York House, nas dormidas como na comida, no prazer do jardim e do bar (Lisboa). A Basílica da Estrela, que data do século XVIII (Lisboa). O catálogo de Lisboa Photo 2003, editado pela ASA. A paisagem alentejana. A Livraria Bertrand, da Rua Garrett, em Lisboa, fundada pelo francês Pierre Bertrand e que existe, neste local, desde 1773, poucos anos depois de o terramoto ter destruído as instalações iniciais. A Rua do Surdo, no Funchal, rua onde se situa a sede do Partido Socialista. Boa metáfora para o lado mais autista dos políticos, de todos os quadrantes. O álbum e a canção Mudam-Se os Tempos, Mudam-Se as Vontades, de José Mário Branco, esta sobre poema de Camões, aquele editado em 1971. E também outras canções como Eu Vim de longe, Eu Vou pra longe, Casa Comigo, Marta. O charme do Hotel Astória, em Coimbra.» Ou figuras como a bióloga Maria de Sousa, o Nobel da Literatura José Saramago, o cineasta Manoel Oliveira, a pedagoga Mari...