O enredo é constituído pela sucessão de acontecimentos de uma história, é a acção de uma produção literária (história, novela, conto, peça de teatro, filme, etc.), também designado por entrecho, intriga, argumento ou trama. É, por assim dizer, o esqueleto da narrativa, i. e., o desenrolar dos acontecimentos numa sequência lógica e cronológica, que forma o conteúdo do texto, com princípio, meio e fim. No caso do Auto da Índia, o enredo é constituído por três partes: a parte inicial, onde se dá a partida da armada, e, consequentemente, a partida do marido, a parte central; a parte central, onde se consuma o adultério; e uma parte final, que corresponde à chegada do marido atraiçoado pela ama adúltera. É este o enredo no Auto da Índia.
A diegese designa o conjunto de acções numa dada dimensão espacial e temporal, que formam uma narrativa, aproximando-se, neste caso, do conceito de enredo. Contudo, o enredo é a história, propriamente dita, e divide-se em partes: princípio, meio e fim. A diegese é um conceito de narratologia que diz respeito à dimensão ficcional de uma narrativa; é uma realidade ficcional, que se distingue de toda a realidade externa ao texto. Por exemplo, no Auto da Índia, não há qualquer referência ao tempo, nem uma introdução, nem uma divisão em quadros ou cenas. É a moça quem fornece essas indicações, essenciais para a compreensão do auto (ex.: «Três anos há que partiu Tristão da Cunha» vv. 366-7). Da mesma forma, só a meio da diegese é que é atribuído um nome à ama, Constança.
O tempo da diegese é de três anos, como indicado pela personagem da moça. Mas o enredo, esse é intemporal, o adultério, o materialismo, a mentira e a aparência são temas que concedem ao enredo uma indubitável realidade e actualidade.
O narrador, conforme a sua posição na diegese, e não no enredo, pode ser homodiegético (se for uma personagem da história); heterodiegético (se não for participante numa história narrada) e autodiegético (se narra a sua própria história).