Aldo Bizzocchi - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Aldo Bizzocchi
Aldo Bizzocchi
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Linguista brasileiro, é doutor em Linguística pela USP, pós-doutorado pela UERJ, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa da USP e autor de Léxico e Ideologia na Europa Ocidental e Anatomia da Cultura . Faz ainda parte dos grupos de pesquisa Semiótica, Leitura e Produção de Textos (SELEPROT) e Morfologia Histórica do Português (GMHP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Também é poeta e tradutor (ver sítio pessoal e blogue associado à revista brasileira Língua Portuguesa).

 
Textos publicados pelo autor
A redundância é sempre um vício de linguagem?
Pleonasmos e norma-padrão

«A redundância nem sempre é nociva à comunicação – pelo contrário, a maior parte dos nossos enunciados contém várias redundâncias justamente para garantir a eficácia da comunicação em face do ruído» – sustenta o linguista Aldo Bizzocchi neste apontamento publicado no mural Língua e Tradição (Facebook), em 14 de agosto de 2022, e aqui transcrito com a devida vénia.

O planeta tem esse nome porque é plano?
A etimologia de planeta

«Se os gregos já sabiam que nosso planeta é esférico, porque lhe deram justamente o nome de planeta

Apontamento do linguista Aldo Bizzocchi, que o publicou no seu blogue Diário de um Linguista em 18 de junho de 2022. Transcreve-se com a devida vénia este texto, que, partindo da crítica a posições anticientíficas e negacionistas como a da pseudoteoria da terra plana – o "terraplanismo" –, é dedicado à etimologia da palavra planeta.

A ideologia das raízes
O perfil das línguas românicas e germânicas

«Os países que [...] falam [línguas românicas e germânicas] constituem a Civilização Ocidental, a mais influente já surgida no planeta, fruto do legado cultural greco-romano e dos valores judaico-cristãos. Essa dupla herança — cultura clássica e cristianismo — condicionou a história, os costumes, a maneira de pensar e a língua desses povos, principalmente no léxico, que sempre foi fortemente influenciado pelo latim literário (e, em menor escala, pelo grego, através do latim).»

Apontamento do linguista Aldo Bizzocchi publicado no mural Língua e Tradição, no Facebook, em 24 de abril de 2022, sobre a formação do léxico das línguas europeias ocidentais, que, repartidas entre o ramo românico e o germânico, revelam uma herança comum grega e latina com forte impacto nos seus padrões morfológicos.

 

 

Afinal, existe ou não existe erro de português?
Linguística e gramática normativa

Em artigo publicado no mural Língua e Tradição no Facebook em 23 de maio de 2021, o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi assinala que «[u]m dos pontos de maior tensão entre linguistas e gramáticos é a questão do chamado erro de português» e acrescenta: «A polêmica sobre esse assunto é tão grande que alguns linguistas chegam a taxar a gramática normativa de elitista e opressora, assim como certos gramáticos acusam a linguística de ser uma espécie de vale-tudo em matéria de língua.»

A intérprete da pronúncia
Os sotaques do Brasil na voz de Elis Regina (1945-1982)

«Brincava com a voz, cantava rindo, chorando, resmungando, imitando vozes e sotaques, da impostação à la Ângela Maria ao caipirês de Renato Teixeira e ao bexiguês de Adoniran Barbosa. Da dicção afetada das socialites ao timbre rouco de Louis Armstrong, tudo era pretexto para um malabarismo melódico-rítmico-fonético. Elis explorou como poucos as potencialidades da voz e fala humanas ao cantar. Mas, além das vozes e sotaques que simulava, tinha sua própria pronúncia, que evoluiu ao longo da carreira, confirmando o traço camaleônico de sua personalidade.» — escreve* o linguista Aldo Bizzochi nesta evocação da cantora brasileira Elis Regina (1945-1982), que, além do talento musical, mostrava uma admirável flexibilidade na apropriação de traços regionais  do português do Brasil.

Publicação do blogue Diário de um Linguista em 19 de março de 2021.