Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Discurso/Texto
Mariana Chaves Estudante Braga, Portugal 649

Tenho duas dúvidas diferentes.

A primeira é: quando estou a falar com uma pessoa extremamente mais velha do que eu, uma senhora de 80 anos, por exemplo, posso utilizar os termos “si, consigo” mesmo que eu saiba o nome da senhora? Caso eu não tenha uma relação próxima com a senhora, seria falta de educação perguntar, por exemplo: «Está tudo bem consigo, Dona Maria?» Gostava de saber se é suficientemente formal.

A segunda dúvida é: Quando estou a falar com duas ou mais pessoas, considerando que eu as trato por “você”, um senhor e uma senhora, por exemplo, seria apropriado dizer termos como “convosco, vosso”? Para expressar alguma formalidade, o correto seria dizer: «Está tudo bem convosco?» ou «Está tudo bem com vocês?» Sei que “os senhores” também seria uma opção, mas não estou a referir-me a uma situação demasiado formal.

Agradeço desde já.

Aimê Yarin Estudante de Gestão Pública Manaus, Brasil 735

Vi, numa aula de conjunções coordenativas adversativas, que o valor semântico de "ressalva" é diferente do de "contraste". Contudo, embora a professora explicasse a diferença, ela não ficou tão clara para mim, pois foram me dados poucos exemplos.

Se vocês puderem enriquecer meu material de estudos, ficaria eternamente grata.

Veja abaixo o que a professora me mostrou:

a) «Tentei chegar mais cedo, porém não consegui». No período composto acima, a conjunção "porém" possui valor semântico de contraste, oposição.

b) «Seu discurso foi breve, mas violento». No período composto acima, a conjunção "mas" possui valor semântico de ressalva, compensação.

Vocês poderiam me mostrar mais exemplos?

Sónia Neco Professora Luanda , Angola 349

Na carta de Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, lê-se:

«Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim.»

Gostaria que me esclarecessem em relação ao ato ilocutório aqui presente. Tratar-se-á de uma situação híbrida: assertivo e expressivo? Em caso afirmativo, algum deles tem mais força?

Gostaria ainda de saber se a classificação do tipo de ato sofre alteração nos enunciados seguintes:

1. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim! (Frase exclamativa)

2. É o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. (Forma verbal no presente do indicativo)

3. É o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim! (Forma verbal no presente do indicativo; frase exclamativa)

Muito obrigada!

Mónica Isabel Domingues Gonçalves Estudante Tavira, Portugal 969

Na obra Amor de Perdição, há uma incoerência de datas: no cap. I, assume-se que o nascimento de Simão é em 1784, é preso em 1804/1805 com 18 anos, o que não bate certo...

A que se deve esta incoerência?

Isabel Castro Professora Portugal 424

Em «E levantaram-se todos, e deitaram-se todos ao mar, e chegaram todos à porta da gruta onde morava o Polifemo», considerariam a existência de uma anáfora?

Obrigada!!

Christian Jiménez Estudante Brasília, Brasil 448

Espanhol – «Uno tiene que pensar bien antes de hacerlo.»

Inglês – «One has to think well before doing it.»

A tradução de uno/one poderia ser diretamente um («"Um" tem que pensar bem antes de fazê-lo") ou deveria utilizar-se a expressão «a pessoa» («A pessoa tem que...»).

Muito obrigado!!

Evelyne Faleiro Docente Faro , Portugal 346

Enquanto docente, deparo-me frequentemente com a utilização do verbo falar em numerosos contextos que, na minha opinião, não são, na sua grande maioria, os mais corretos.

Assim, surgem frases, como:

a) «Ele falou que ia ao cinema.» (Influência do português do Brasil)

b) «O texto fala da história dos dinossauros.»

c) «Venho falar sobre a minha opinião sobre a televisão.»

Estes são alguns exemplos daquilo que ouço diariamente, em sala de aula, mas também do que leio nos textos escritos pelos alunos. Apesar de tentar explicar aos alunos que utilizamos este verbo, sobretudo, quando nos referimos a conversas («Ele falou com ela», «Ele falou dela», «Ele falou dos seus problemas»...), vejo que nem sempre percebem a diferença e tenho alguma dificuldade em explicá-la de outro modo.

Assim para as frases acima, sugiro que escrevam/digam:

a) «Ele disse/afirmou que ia ao cinema.»

b) «O texto conta/narra a história dos dinossauros.»

c) «Vou apresentar a minha opinião sobre a televisão.»

Gostaria, então, de saber se há alguma resposta mais adequada que eu possa transmitir aos meus alunos para a resolução desta situação, pois as suas dificuldades de expressão, quer oral, quer escrita, têm vindo a agravar-se e, contrariamente ao que muitos afirmam, não por culpa dos confinamentos a que estiveram sujeitos.

Agradeço, desde já, a sua disponibilidade em responder.

Eduardo O. Silva Jornalista Lisboa, Portugal 462

Ouço regularmente falar de enclave a respeito de Gaza.

Para ser enclave tem de estar totalmente rodeado, sem saída para o mar, pelo que qualquer pessoa que queira sair tem de passar por outro território. É o caso Nagorno-Karabak, sempre bem denominado como enclave.

Agradecia um esclarecimento

José Pereira Informático Lisboa, Portugal 547

O termo «o que você é meu» utiliza-se?

Sei que no Brasil se utiliza para definir o que alguém é a outra pessoa do tipo:

«O que és para mim?»

«Amigo, namorado, etc.»

Mas mesmo no português do Brasil isto está correto?

Esta frase não parece fazer muito sentido em termos semânticos, e já me disseram que esta frase está correta.

José Saraiva Leão estudante Foz do Iguaçu, Brasil 852

Levar no Brasil pode ter a aceção de «arrastar», no sentido eleitoral, por exemplo, «Washington Luís venceu as eleições, mas não levou».

Há este sentido em Portugal? É legítimo esse uso?